Protagonismo - não queremos ser meros coadjuvantes
- Virginia Motta
- 18 de set. de 2019
- 3 min de leitura

Vivemos em um mundo totalmente tecnológico, mas movido por pessoas. Afinal, por trás de todos os códigos, inteligência artificial, marketing digital e layouts atrativos, sempre existe um ser humano. E o que estas pessoas querem? Quais são os seus desejos, motivações e aspirações?
Eu, como gestora do setor de RH de uma empresa de tecnologia, vejo todos os dias líderes tendo que rever suas estratégias, tendo que se reinventar para manterem o negócio e “aguentar” a competitividade feroz deste mundo globalizado onde você contrata um colaborador de manhã e perde outro de tarde.
Todos os dias vejo colaboradores sendo abordados por IT Recruiters oferecendo um novo desafio, uma qualidade de vida ou salários extremamente atrativos. Mas o que realmente move as pessoas? Afinal, se analisarmos bem, a maioria das empresas de TI já tem um ambiente cool, no dress code, frutinhas, mesa de sinuca, video game, etc. (mas nem todos tem um escorregador, tipo o da Google conectando os andares #ficaadica! 😂).
Para uns o mais importante é ganhar o máximo de dinheiro possível, outros querem ter uma boa qualidade de vida e conciliar o trabalho com a vida pessoal, já outros querem fazer algo a mais, identificar-se com os valores da empresa e, realmente, contribuir com ela.
Bem, desde que tomei a decisão de sair da minha zona de conforto e abandonar um emprego estável em uma grande multinacional americana, tive a oportunidade de trabalhar em diferentes empresas, em diferentes localidades e conhecer muuuuiiiitttaaa gente (afinal, gosto desta multiculturalidade). Mas, apesar de todo esse “agito”, tenho me deparado com o mesmo cenário: empresas e líderes que estão tentando, com todas as forças, entender este novo mundo do trabalho, ou como tem sido dito, o trabalho do futuro.
Conversei com muitos colaboradores, candidatos e líderes e, todos, sem exceção, sempre falam: eu quero fazer mais do só executar uma tarefa. Quero ser reconhecido (seja financeiramente ou publicamente). Quero ser parte do sucesso da empresa e alcançar o meu sucesso. Quero contribuir verdadeiramente e ver os resultados.
Ok, parece simples e fácil, né? As empresas querem os colaboradores vestindo a sua camisa e “dando o sangue” e as pessoas querem se dedicar mais. Simples, é só juntar a fome com a vontade de comer! 😁 Mas será que na prática é tão simples assim? As empresas estão abertas a ouvir as sugestões dos colaboradores? Estão abertas a pensarem através de outra ótica? Estão abertas a deixarem as pessoas serem protagonistas nas suas atividades? Afinal, vestir a camisa e “dar o sangue” vai muito além do que só executar tarefas dentro do prazo e na qualidade exigida. Vestir a camisa é superar as expectativas. “Dar o sangue” é entregar mais do que esperado.
A gestão do comando e controle já não serve mais para essa nova geração. E as gerações mais antigas (me incluo nela, inclusive) estão mudando os seus conceitos e adotando estes novos valores e propósitos. Afinal, é legal poder contribuir 😜. Não queremos mais ser meros coadjuvantes, queremos ser protagonistas. Queremos mostrar que podemos contribuir com ideias, pensar juntos na estratégia, analisar os problemas e propor soluções. Trabalhar e ganhar juntos. Todos juntos!
Escolher uma profissão e manter-se nela até a aposentadoria não é mais suficiente. As pessoas querem contribuir, fazer e pensar mais. Esses dias uma amiga me disse: Vi, vou sair da empresa. Perguntei: Só por conta do salário? Ela me respondeu: Não. O salário influencia, mas quero contribuir mais, quero ter mais demanda, quero me desenvolver mais, quero ajudar mais. Não estou encontrando espaço aqui. Não quero ficar sentada atrás de um computador esperando a próxima tarefa chegar. Quero ir atrás e gerar a demanda junto.
Fiquei pensando (...):ela está certa! Se o seu trabalho não está mais sendo suficiente, temos que buscar a felicidade e a satisfação em outro lugar. Afinal, o trabalho faz parte das nossas vidas e tem um grande significado psíquico e social para as pessoas. Trabalhar só por dinheiro não é mais suficiente para ninguém neste mundo digital.
Bem, temos que repensar nossa atuação como líderes e sobre a cultura das nossas empresas. Se não entendermos que o mundo e as pessoas mudaram, vamos ficar sempre repondo vagas e “apagando incêndios”. Afinal, as pessoas não tem mais medo de trocar de emprego, de buscar a felicidade e a satisfação profissional (claro, que afirmo isso para o segmento de TI que tem milhares de vagas abertas sem profissionais qualificados para preenchê-las). Mas acredito que, o trabalho do futuro, será assim para todos os segmentos.
Deixo como dica de leitura o lívro: O jeito Havard de ser feliz. Me ajudou muito a refletir sobre o que é motivação e satisfação para as pessoas.
Por Virginia Motta
Graduada em psicologa, pela UFF (Brasil), e mestre “jedi” em Gestão de Pessoas, pela Universidade do Algarve (Portugal).







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